sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A sátira política

Boa noite galera, como estamos trabalhando em sala de aula a sátira política, resolvi postar um trecho da obra "A carteira do meu tio" de Joaquim Manuel de Macedo, na qual, este também escreveu poemas românticos,como "A Moreninha". Gostaria de saber o que é criticado nesse trecho?

"Ora pois, consideremos ao acaso um de tantos: seja aquele figurão que ali vai repotreado em um magnífico e soberbo carro.

Era há poucos anos um miserável diabo, que vivia de suas agências, e mais não disse; não tinha onde cair morto, e portanto ninguém fazia caso dele: mas não há nada como ter juízo!… O maganão atirou-se ao comércio, e foi de um salto ao apogeu da fortuna; eis o caso: primeiro abriu uma casa de secos, e quebrou; meteu-se logo nos molhados, e quebrou outra vez – excelente princípio! O quebrado ficou inteiro, e os credores com alguns pedaços de menos; depois, dinheiro a juros, três ou quatro por cento ao mês para servir aos amigos; um pouco mais aos indiferentes; duas dúzias de alicantinas por ano, e o suor alheio nos cofres do espertalhão: uma terça deixada em testamento por um estranho, e arrancada aos malvados parentes do morto; aqui há anos atrás o comércio de carne humana, que era um negócio muito lícito, negócio molhado e seco ao mesmo tempo, porque se arranjava por mar e por terra, terra marique: vai senão quando, no fim de dez ou doze anos, o pobretão aparece milionário.

Mudam-se as cenas; dantes ninguém tirava o chapéu ao indigno tratante, olhavam-no todos com desprezo, era um bicho que causava tédio, além de mau, era pobre; mas, ó milagrosa regeneração! ó infalível poder do ouro! o antigo malandrim já é um homem de gravata lavada! banhou-se no Jordão da riqueza, e ficou limpo e puro de todas as passadas culpas!…"

beijos e até a próxima semana
Cynára Liane

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